sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

A rapariga de Istambul, de Nicole Dweck

Leitura agradável e interessante, muito interessante. Dividido na sua maioria em dois tempos cronológicos, o primeiro passado durante o sec. VI e o segundo no tempo moderno.  Passamos da época portuguesa para o império otomano, de uma pastelaria/café na França ocupada pelos nazis para Israel, num pequeno lugarejo e num barco de pescadores, de Istanbul para um pequeno quarto de hospital nos Estados Unidos da América.
A narrativa começa com a fuga de três pessoas de Portugal, e de certa forma da rainha portuguesa e a suas incessante necessidades de liquidez financeira, durante um período conturbado da história portuguesa (há imensos infelizmente), as perseguições dos judeus na península ibérica. Dona Antónia, Reyna e José empreende uma viagem de fuga, Dona Antónia preparou-se atempadamente e aquando do ultimato da rainha de casar a sua filha com o príncipe põe em marcha o seu plano de fuga. Mas infelizmente aquando da chegada de Reyna e José a Istanbul Dona Antónia não chegou com eles tendo ficado pelo caminho, capturada, mas deixou para a sua filha e José, filho de grande amiga sua, as coisas alinhavadas. Passado algum tempo vemos José e Reyna, casados, ela em trabalho de parto e dolorosamente nasce Tamar. Tamar será causadora da tristeza e mau olhado que envolverá a casa real de Murad, companheiro  leal desde o seu primeiro dia no palácio/prisão.

Selim, último descendente vivo da casa do sultão otomano, na velha Istanbul, encontra Ayda na gala para crianças carenciadas e ela apaixona-se, tentando cativar Selim, que atormentado pelo seu passado, amaldiçoado, espera esclarecimentos da sua família antepassada e da tragédia da sua vida. Num quarto de hospital em Nova Iorque e com o seu companheiro de quarto descobre Hannah Herzikova e o universo toma atenção, e "(...) parou, fugaz, alterando os caminhos de ambos muito ligeiramente antes de retomar o movimento.(...)"

in Dweck, Nicole (2017).  A rapariga de Istanbul. Edições Asa II (Grupo Leya), Alfragide.  Pág. 325
Algumas pesquisas sobre judeus sefarditas, que desconhecia completamente a separação por localização geográfica e fui-me inteirar, e é sempre bom saber coisas novas:
Sefarditas (em hebraico ספרדים, sefaradi; no plural, sefaradim) é o termo usado para referir aos descendentes de judeus originários de Portugal e Espanha. A palavra tem origem na denominação hebraica para designar a Península Ibérica (Sefarad, ספרד ). Utilizam a língua sefardi, também chamada judeu-espanhol e "ladino", como língua litúrgica[1].
Estes judeus de Sefarad possuíam tradições, línguas, hábitos e ritos diferenciados dos seus irmãos asquenazitas que habitavam a Europa Central e Europa de Leste[2].
Adorei e recomendo. 

Sinopse:
De Lisboa a Nova Iorque. Um enigma com 5 séculos. Uma dívida para a eternidade.
Lisboa, 1544. Dona Antónia, uma viúva abastada, é pressionada pela rainha a casar a sua única filha com um nobre. Mas esta é uma proposta que ela nunca poderá aceitar, pois o segredo que esconde dita as regras da sua vida. Resta-lhe apenas a fuga, juntamente com a filha e o sobrinho órfão, de quem cuidou a vida toda. Uma perigosa odisseia leva-os até ao império otomano, sob a asa protetora do sultão Solimão, o Magnífico. É lá que, anos mais tarde, nasce uma arrebatadora – e proibida – história de amor entre Tamar, neta de Dona Antónia, e Murat, filho do sultão. As consequências desta paixão serão desastrosas para o império otomano, desencadeando sobre as futuras gerações a tenebrosa “maldição do sultão”.
Manhattan, nos dias de hoje. O magnata Selim Osman, último descendente do sultão, recebe uma notícia devastadora. A partir de então, nada mais será como antes. Até mesmo o momento em que conhece Hannah, uma pintora cujo pai, um francês sobrevivente do Holocausto, se encontra muito doente. Existe entre eles uma ligação imediata. Mal sabem ambos que se trata do reencontro de um amor em tempos perdido, e que finalmente irão unir dois destinos adormecidos há já vários séculos.
Amor, História, destino… um mistério sobre a memória – e a força – do tempo.
Boas leituras

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