sexta-feira, 22 de abril de 2022

A viagem do elefante de José Saramago

Leitura agradável e rápida, com sorrisos pois parece que estamos a ouvir a voz do narrador e o seu tom às vezes risonho outras vezes irónico, discursando sobre a aventura do elefante Salomão e do seu tratador, Subhro, primeiro em Belém e depois na viagem, saindo de Portugal passando por espanha e indo para a Austria.
Pode ter varias leituras como as características de dois povos e o seu modo de vida, o caso dos portugueses que aceitam o desconhecido e as suas peculariedades, ou o caso dos austríacos, que mudam as coisas para algo mais próximo e compreensível. Ou podemos verificar os apartes de Saramago, escritor e pessoa, que discursa sobre a vida e as suas peculariedades como percursos escolhidos, onde pensa sobre possibilidades do que não fez e podia ter feito. Ou podemos falar da utilização da linguagem moderna para criar um romance histórico, ficcional mas derivado de um acontecimento real que poderia ter sido assim como aqui escrito.
Podemos falar de várias interpretações para um livro tão pequeno. Gostei.
Sinopse:
Em meados do século XVI o rei D. João III oferece a seu primo, o arquiduque Maximiliano da Áustria, genro do imperador Carlos V, um elefante indiano que há dois anos se encontra em Belém, vindo da Índia.
Do facto histórico que foi essa oferta não abundam os testemunhos. Mas há alguns. Com base nesses escassos elementos, e sobretudo com uma poderosa imaginação de ficcionista que já nos deu obras-primas como Memorial do Convento ou O Ano da Morte de Ricardo Reis, José Saramago coloca agora nas mãos dos leitores esta obra excepcional que é A Viagem do Elefante.
Neste livro, escrito em condições de saúde muito precárias não sabemos o que mais admirar - o estilo pessoal do autor exercido ao nível das suas melhores obras; uma combinação de personagens reais e inventadas que nos faz viver simultaneamente na realidade e na ficção; um olhar sobre a humanidade em que a ironia e o sarcasmo, marcas da lucidez implacável do autor, se combinam com a compaixão solidária com que o autor observa as fraquezas humanas.
Escrita dez anos após a atribuição do Prémio Nobel, A Viagem do Elefante mostra-nos um Saramago em todo o seu esplendor literário.
Boas leituras

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