quinta-feira, 6 de abril de 2023

Águas Passadas de João Tordo

Leitura agradável e rápida de um autor para mim desconhecido, que capta a atenção devido as temáticas abordadas sobre vícios e os podres existentes numa sociedade, nomeadamente nas camadas mais ricas que se aproveitam dos mais desgraçados para fomentar os seus "apetites", mas não só, integrando um pouco da vida do "pequenino", um pouco como o reflexo da vida real com várias coisas a acontecer ao mesmo tempo a uma pessoa e várias delas más. 
Tanto para dizer que nem sei por onde começar. Temos uma linha de mistério: primeira premissa do livro pois a subcomissária da PSP, Pilar Benamor, é a primeira a chegar ao local e parte a procura pelo serial killer que anda a matar adolescentes, ou um copycar repetindo, com ligeiras diferenças, o que aconteceu faz vinte/trinta anos, encontramos ainda um lado romântico, melancólico no cenário criado para os Anjos, zona de Lisboa, tornando uma personagem dentro da história, que constroi um mundo em tudo para ajudar as personagens no seu dia-a-dia miserável e recheado de problemas.
E, por último, temos a visão interior de Pilar com o seu passado, vida profissional, esta mais focada na relação entre colegas com as suas mesquinhices e quesilhas sobre promoções e chefias, e a personalidade da personagem principal que em tudo emana sobriedade e vicio, sendo um poço de contradições e contrariedades. 
Tal é a personagem que até a roupa utilizada, o oleado amarelo da subcomissária, ganha vida própria com significados ocultos, metáforas sobre ser impermeavel a água mas igualmente impermeável às críticas e as influências de outros.
"impermeável", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/imperme%C3%A1vel [consultado em 27-04-2023].ee.
De relatar na zona dos Anjos a inexistência de prostitutas em frente ao banco ou mesmo drogados deitados pela ruas mas para a construção da história caiu bem.
Temos outra personagem, Cícero, que por um lado suscita bastantes dúvidas sobre o seu caracter, pelo menos no princípio da história, depois mais ou menos a meio torna-se o seu confidente e auxiliar na investigação alertando para o que aconteceu no passado, e por fim inicia a sua separação e começa a ter autonomia própria (onde tal já se viu). Uma outra personagem mais secundária mas talvez um bocadinho visivel de mais, o chefe da policia, superior hierárquico da subcomissária que se repete como figura paternal e amor platónico com laivos de complexo de Electra.
Adorei e recomendo. 
Não me importava nada se fosse transformada numa série :) (•̪̀●́)
Sinopse:
«O que os olhos não vêem, o coração não sente.»
Durante treze dias de Janeiro de 2019, a chuva cai sem misericórdia sobre Lisboa. É quando aparece a primeira vítima, na praia de Assentiz: uma jovem de quinze anos trazida pela maré. O seu corpo apresenta marcas de sofisticada malvadez.
A primeira agente no local é Pilar Benamor, uma subcomissária da PSP cuja coragem e empenho em descobrir a verdade ocultam segredos dolorosos.
A jovem vítima é Charlie, filha de um empresário inglês, mas logo a vítima de um segundo crime brutal — um rapaz de dezassete anos — aparece na floresta de Monsanto, em condições macabras. Estas duas mortes prematuras e violentas abrem caminho a uma investigação que irá descarnar a alta sociedade portuguesa e o submundo do crime.
Ao longo desse inclemente mês de Inverno, Pilar desbrava caminho na investigação, contra tudo e todos e com a ajuda de Cícero, um misterioso eremita. Desobedecendo a ordens superiores e colocando a própria vida em risco, vai penetrar no mundo escuro e tenebroso de um psicopata, enquanto luta com os fantasmas que há muito carrega: um pai polícia que morreu em serviço, um vício que a consome e a vulnerabilidade num mundo dominado por homens.
Depois da estreia no género com A noite em que o Verão acabou, João Tordo regressa com um policial de ritmo imparável e delicada sensibilidade, que vai ao âmago dos nossos piores medos.
Boas leituras

Sem comentários:

Enviar um comentário