Leitura mais ou menos, de velocidade vertiginosa, durante 4 meses deste ano de 2020, e quando visitamos algo que aconteceu faz bem pouco tempo e está ainda bastante presente na memória, pois nem consigo identificar qual reação em mim cabe. Ou serão várias? Ou arrepios de algo que nem consigo relatar.
Gostei da Nossa Senhoras das Janelas, por me identificar, por ter feito o mesmo, onde um mundo se abria para os fechados em casa poderem ter um descanso da vida quotidiana, por me terem chamado algo parecido quando o interior da casa me inquietava e/ou irritava.
Por outro lado, é uma forma excelente de entrar na cabeça do autor, Gonçalo M. Tavares, com a associação de vivências do escritor com outros escritores e as suas palavras, com o seu dia-a-dia com os cães e as notícias que se ouviam por todo o lado seja na televisão, vindo pelo telemóvel pelos amigos, ... qual caudal perfido que repete sempre a mesma mensagem: a inconstãncia da vida.
Sinopse:
«NASA cancela pesquisas na Lua.Matteo come uma garfada de pasta junto à janela que dá para a Rua Vittorio De Sica.De Sica foi o cineasta de Ladrões de Bicicletas.Na Lombardia uma mulher grita pelo nome de Paolo.Um doente num hospital da Lombardia vê o rosto da mulher e do irmão num iPad bem levantado no ar pelas luvas brancas do médico.O hotel Marriott é transformado num hospital de campanha.»Este é o diário que Gonçalo M. Tavares escreveu sobre a pandemia entre Março e Junho de 2020.Foi a partir de notícias, ou mesmo de experiências pessoais, ocorridas durante esta quarentena global inédita que Gonçalo M. Tavares elaborou uma crítica ética e política à sociedade actual cujos contornos se tornaram mais evidentes nesta fractura de «um século xxi partido em dois por um vírus».Na Argentina escreveu-se: «com este Diário da Peste, Tavares traz algo novo para a literatura mundial».António Guerreiro escreveu: «Seja escrito em estado de emergência ou em estado de calamidade, o Diário da Peste que Gonçalo M. Tavares tem publicado no Expresso dá expressão e forma ao que estamos a viver como nenhuma imagem, nenhum directo, nenhuma notícia, nenhuma reportagem consegue dar». Este Diário da Peste «é um dos momentos mais altos da literatura portuguesa».
Boas leituras
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