"Panchita viveu sem dar valor ao dom da beleza até à maturidade, altura em que, de tanto o ouvir da boca dos outros, acabou por acreditar. Quando levei Roger, o meu último namorado, ao Chile para o apresentar aos meus pais, ficou impressionado com ela e disse-lhe que era muito bonita. Ela apontou para o marido e respondeu, com um suspiro: «Ele nunca me disse isso.» O tio Ramón interveio secamente: »É verdade, mas eu vi-a primeiro.»
Nos últimos meses da sua existência, em que precisava de assistência para tudo, mesmo para as coisas mais intimas, a minha mãe comentou que se resignara a aceitar ajuda e a agradecê-la. «Com a dependência, tornamo-nos humildes», confessou. E, depois de uma pausa em que ficou a matutar na frase, acrescentou: «Mas a humildade não tira a vaidade.»"
de I. Allende. Mulheres da minha alma
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